De todos os sentimentos o mais desafiador é o amor.
Talvez pra isso os sentimentos tenham sido criados, para desafiar nosso livre arbítrio.
Cada ser humano coloca na sua sacolinha os escolhidos pelo seu próprio coração.
Uns colocam amor no seu pacote, mas de maneira diferenciada, ama os seus, numa medida de possessão e território. É mais fácil não sair do quadradinho que se criou dentro de uma zona de conforto.
Mas o desafio é bem maior que isso, o desafio é amar ao complicado, ao que responde ao seu bom dia com ironia ou sarcasmo, ao que lhe acha tolo, ao que lhe acha mais do que você é, ao que lhe bajula e ao que lhe cospe. As vezes, numa figura apenas retórica, numa palavra mal-dita, mora uma cusparada maior que a real.
Uma grande maioria se confunde com um “eu amo você”. E se arma, e se protege atrás de escudos para não se sentir obrigado a doar amor a alguém que não lhe é empático. Quando seria tão mais fácil abrir coração e mente e acomodar o amor lá dentro.
E esse amor de que falo é o amor ensinado por Cristo, que em apenas dois ensinamentos nos deixou toda a lei pra se viver em harmonia e amor:
“Amai ao próximo como a si mesmo”, como primeiro, e, ao ser questionado como o fazer, deixou o segundo, “tratando ao seu semelhante como gostaria que este lhe tratasse”.
Isso resume o amor em sua essência mais profunda. Seguindo esses dois passinhos, simples, descomplicados, chegaremos lá um dia,na plenitude do sentimento, sabendo amar a todos, sem distinção e sem interesses seja de que tipo for, sem confundir o amor sentimento com o amor de posse. Amor é, acima de tudo, pureza, e ao confundir se corre o risco de avançar em terreno menos nobre da nossa alma.
E quanto aos outros sentimentos?
Bem, quem conseguir ir enfiando, aos pouquinhos, o amor pra dentro da sua mais profunda consciência, sempre conseguirá atrair os bons e desalojar os maus. Nenhum sentimento menos nobre mora em um coração que aprendeu a abrigar o amor.
Um dia a gente aprende a amar a todos. E aí seremos iguais em luz. Evoluiremos e chegaremos ao destino.
Não magoaremos mais ao próximo com as imperfeições que abrigamos em nossas sacolinhas.
E, se o fizermos, aprenderemos que o amor se divide em vários pedacinhos brilhantes e coloridos, e um desses pedacinhos se chama desculpar mesmo sem que o pedido tenha sido formalizado. O ato mais bonito do amor ainda é o perdão.
E que o dia seja lindo. E que o sol apareça para todos. E que os que ainda não sabem amar aprendam rapidinho, talvez muitos de nós estejamos em última oportunidade e experiência em matéria. Não deixemos escapar a chance de nos fazermos luz.
[elza fraga]